PROJETO DIDÁTICO
Projeto
não é apenas um plano de trabalho ou um conjunto de atividades bem organizadas.
Há muito mais na essência de um bom projeto.
Primeiramente
é preciso entender o que tem incentivado o uso de projetos como ferramenta
didática.
O
que justifica o uso de projetos?
É
centrado na realidade de situações e problemas reais, concretos,
contextualizados, e portanto, significativos, que interessam aos alunos e direcionam
uma aprendizagem com sentido;
Prevê
o conhecimento como instrumento para compreensão e possível intervenção na
realidade
As
ações e os conhecimentos necessários para a compreensão da realidade são
discutidos e planejados entre professor e alunos. A aprendizagem ocorre durante
todo o processo e não envolve somente conteúdos, mas traz conhecimentos sobre
como conviver, negociar e se posicionar; estimula a buscar e selecionar informações
além de fazer o aluno compreender a importância do sujeito;
Exige
atitudes de responsabilidade, cooperação e autonomia;
O
professor intervém no processo de aprendizagem dos alunos, criando situações problematizadoras,
introduzindo novas informações, dando condições para que eles avancem em seus
esquemas de compreensão da realidade;
O
que prevê um projeto?
Numa
breve orientação de projeto, elaborada pelo Ministério da Educação, podemos
refletir sobre alguns caminhos que vêm sistematizar a prática.
Essa modalidade de organização do trabalho pedagógico
prevê um produto final cujo planejamento tem objetivos claros, dimensionamentos
de tempo, divisão de tarefas e, por fim, a avaliação final em função do que se pretendia.
Tudo isso feito de forma compartilhada e com cada estudante tendo autonomia
pessoal e responsabilidade coletiva para o bom desenvolvimento do projeto.
Fonte:
BRASIL. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de nove anos. Brasília:
FNDE, Estação Gráfica, 2006. p. 119.
O
papel do Professor no Projeto?
O
professor torna-se o facilitador. Ele não é a única fonte de informação, no
entanto cabe a ele planejar as ações e permitir a negociação dos alunos em todo
o processo, socializando as informações que serão usadas, buscando soluções e
incentivando-os na busca de informações que se deseja obter. Para isso, é preciso
estar “íntimo” dos alunos, no que diz respeito a conhecer como eles pensam e
quais as estratégias que serão utilizadas para desafiá-los a irem além do que
eles já construíram.
Quem
faz o projeto?
Dificilmente
escolheremos trabalhar com projeto se este não for uma extensão da nossa forma
de trabalho na escola. Trabalhar com projetos exige muito mais do que dar aulas
ou passar conteúdos, exige um envolvimento muito grande de todos da escola.
O
papel do aluno no trabalho com Projetos?
O
aluno passa a ser o informante. Para isso, ele precisa estar envolvido
ativamente, como também conhecer todo o projeto e sugerir as etapas que serão
vivenciadas, de forma a cooperar com interesse e curiosidade para realizar as
pesquisas em diferentes fontes, podendo trabalhar individualmente, em grupos ou
com toda a turma.
O
que não pode faltar num projeto?
Além
da disposição para fazer o projeto caminhar, torna-se importantíssimo que o
professor tenha disponibilidade
para
registrar as práticas vivenciadas nas etapas.
Observe
como isso pode acontecer:
O
Processo de Elaboração/Planejamento Selecionando
as informações que sustentem o projeto através do estabelecimento de objetivos
e resultados esperados no ensino e na aprendizagem.
A
Execução/Orientação Desenvolvendo atividades coletivas que sigam uma sequência gradual, bem como utilizando registros feitos pelo professor (passo
a passo), a fim de organizar melhor
o percurso das atividades propostas.
A
Revisão/Avaliação Através da autoavaliação,
dos alunos e do professor, em relação aos encaminhamentos
utilizados
no processo de aprendizagem, retomando as hipóteses iniciais dos alunos para relacioná-las
aos conhecimentos adquiridos.
Quais
as vantagens do trabalho com projetos didáticos?
Produz
atividades novas.
Exige
envolvimento dos alunos.
Organiza
e valoriza, ainda mais, o conhecimento escolar.
Conscientiza
os alunos do seu processo de aprendizagem.
Vai
além dos limites do currículo escolar. Permite a interdisciplinaridade de forma mais
flexível.
O
professor é o pesquisador do seu próprio trabalho.
Por
onde começar um projeto?
Do
início do projeto até chegar ao final, muito há de se fazer. Sabemos que não
existe uma receita pronta, por isso é necessário colocar a “mão na massa”, ou
seja, colocar as ações em prática. Para ajudá-lo, selecionamos algumas dicas
que servem para elaboração de projetos didáticos.
1. Tema do Projeto Tem a ver com o(s) assunto(s) que será(ão) abordado(s).
2. Ano/Ciclo Localização de ano escolar e faixa etária dos alunos envolvidos.
3. Duração- É o tempo que será estabelecido para o estudo do tema. Este poderá
ser variável, de acordo com os critérios previstos.
4. Área(s) de Conhecimento(s) Diz respeito à(s) disciplina(s) que será(ão)
contemplada(s) no projeto.
5. Apresentação/Justificativa - Explica, em linhas gerais, a escolha do tema e
a forma de trabalho de acordo com os objetivos e os conteúdos do projeto.
6. Objetivos - Procuram levar em conta os conceitos, os procedimentos e as
atitudes previstas para ampliar os conhecimentos dos alunos do Ano/Ciclo.
7.
Etapas Previstas Conduzem os processos didáticos que serão utilizados para determinar
o que e como os alunos irão aprender.
Contrato didático: conta com o comprometimento dos alunos para se envolverem
nas etapas do projeto, visando o produto final conhecido por eles.
Encaminhamento das atividades e cronograma: levantamento de hipóteses e
questionamentos sobre o tema a partir de pistas
oferecidas
durante o processo, levando em conta os conhecimentos prévios dos alunos e suas
dúvidas sobre o tema em estudo.
Rotinas de atividades a serem realizadas: elaboração de estratégias que
permitam a busca de informações que estimulem a aprendizagem e a troca dos
conhecimentos entre os alunos, a exemplo de pesquisas, filmes, debates,
entrevistas, documentários, eventos, ensaios, visitas a exposições, experimentos,
etc. Define os materiais necessários e explora as produções dos alunos em
materiais confeccionados por eles: cartazes, livros, faixas, etc.
Produto final: exposição dos materiais ou vivência de atividades com
destinatários reais (função social).
8.
Resultados Esperados Avaliação do processo de aprendizagem esperado para os
alunos e dos procedimentos utilizados pelo professor durante todo o projeto,
confirmando ou reformulando as etapas para garantir a compreensão de todos.
Por certo, o trabalho não termina aqui, ele pode estar apenas começando. De
tudo, fica a ideia de que trabalhar com projetos
desenvolve
competências tanto para quem aprende como para quem ensina.
A
escolha do tema
O
tema do projeto deve ser escolhido pelo professor, pois ele sabe os objetivos didáticos
e os conteúdos que deseja
trabalhar,
mas existe um espaço para a tomada de decisão dos alunos.
É preciso estabelecer, em primeiro lugar, o que os alunos já têm condições de
decidir sozinhos e deixá-los agir.
O tema pode ser levado pelo professor, mas os alunos têm de estar interessados
em desenvolvê-lo.
Condições
para o êxito
Definição do problema.
Projetos bem sucedidos, de forma geral, são definidos a partir do problema a
ser resolvido e da clareza com que se define a solução do problema. O mais
importante é definir com clareza os objetivos do projeto. Uma vez decidida a
realização de um projeto, deve-se discutir exaustivamente como o problema pode
ser resolvido e as características do resultado final, descritas nos objetivos
do projeto ou em suas metas. Sempre que possível, o próprio título do projeto
deve indicar as características do resultado final. Por exemplo: reforma,
instalação e colocação em funcionamento da cantina escolar. Quanto mais tarde
se deixa para realizar essas discussões e definições, mais difícil se torna a
implementação do projeto.
Envolvimento da equipe.
Quanto mais o projeto representa um desafio para a equipe envolvida, maior é a probabilidade
de que venha a ter sucesso. Projetos bem sucedidos criam na equipe uma sensação
de propriedade: “Este é o nosso projeto, o problema
que
temos de resolver”.
Planejamento.
Projetos bem sucedidos são muito bem planejados. Uma vez estabelecidos os
planos, no entanto, a equipe tem grande liberdade para executá-los. A probabilidade
de o projeto ter sucesso aumenta se durante a sua implementação houver um
cronograma de providências e resultados bem elaborado, a partir do qual, os participantes
possam controlar o bom andamento dos trabalhos em direção aos resultados
previstos. Outro fator que contribui com o sucesso de um projeto é procurar prever
problemas que possam surgir em sua implantação e, com a antecedência
necessária, preparar-se para resolvê-los, caso eles realmente aconteçam.
Existem projetos que necessitam de recursos financeiros para sua implementação.
Nesses casos, é preciso haver um bom planejamento dos custos do projeto,
considerando-se quanto se vai gastar e de onde sairá o dinheiro. A existência
de um coordenador é também uma providência necessária para que um projeto seja
bem implementado e atinja a meta definida.
A
implementação do projeto e a avaliação permanente
O
projeto começa a se tornar uma realidade, diversas pessoas já estão em plena
atividade resolvendo problemas, tomando providências, realizando tarefas
necessárias à consecução dos objetivos. Durante esse período de implementação
do projeto, é muito importante que a equipe, liderada pelo coordenador, mantenha-se
atenta à execução do cronograma, acompanhando se
as
coisas estão dando certo, se o que foi imaginado está se realizando. O papel do
coordenador nesse processo é muito
importante,
pois essa preocupação com a avaliação deve estar presente todo o tempo, desde o
começo da execução do cronograma, e não somente quando o projeto está no final,
ou quando as coisas já não deram certo. Por exemplo, se uma tarefa
deve
estar pronta dentro de uma semana e ainda não há perspectivas de ser resolvida,
o coordenador precisa chamar o responsável, ver o que está acontecendo, se a
pessoa precisa de ajuda, se há algum problema relacionado com a própria tarefa
e se tudo estará resolvido no prazo previsto. A avaliação permanente deve se
concretizar em ações corretivas, assim, se for preciso, o coordenador deve
tomar as providências necessárias para que a tarefa esteja feita no prazo.