BLOGGER PARA CONSULTA E ACOMPANHAMENTO DOS CONTEÚDOS DESENVOLVIDOS NAS AULAS DA DISCIPLINA CDPEF (CONHECIMENTOS DIDÁTICOS PEDAGÓGICOS EM ENSINO FUNDAMENTAL) COM BASE NO CURRÍCULO MÍNIMO 2013 - SEEDUC, AINDA EM VIGOR.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

3º BIMESTRE - ESCOLAS GRADUADAS OU SERIADAS (VÍDEO)

3º BIMESTRE - GRUPO ESCOLAR E ESCOLA SERIADA

GRUPO ESCOLAR [1]

No território brasileiro os grupos escolares foram criados inicialmente no Estado de  São Paulo em 1893, enquanto uma proposta de reunião de escolas isoladas agrupadas segundo a proximidade entre elas. Os grupos escolares foram responsáveis por um novo modelo de organização escolar no início da República, a qual  reunia  as principais características da escola graduada, um modelo utilizado no final do século XIX em diversos países da Europa e nos Estados Unidos para possibilitar a implantação da educação popular.
     Segundo Saviani (2004), os grupos escolares constituíram um fenômeno tipicamente urbano, já que no meio rural ainda predominou as escolas isoladas por muito tempo. O Grupo Escolar foi uma escola eficiente para a seleção e a formação das elites. A questão do ensino para as massas populares só esteve presente na reforma paulista de 1920. Os grupos escolares também eram conhecidos como escolas graduadas, já que possuíam turmas  seriadas.

  A escola graduada fundamentava-se essencialmente na classificação dos alunos pelo nível de conhecimento em agrupamentos supostamente homogêneos, implicando a constituição das classes. Pressupunha , também, a adoção do ensino simultâneo, a racionalização curricular, controle e distribuição ordenada dos conteúdos e do tempo ( graduação dos programas e estabelecimento de horários), a introdução de um sistema de avaliação, a divisão do trabalho docente e um edifício escolar compreendendo várias salas de aula e vários professores. O modelo colocava em correspondência a distribuição do espaço com os elementos da racionalização pedagógica – em cada sala de aula uma classe referente a uma série; para cada classe, um professor. (Souza, 2004, p. 114)

         O ensino primário era ministrado em quatro anos, com um programa enciclopédico com matérias que proporcionavam uma educação integral - a educação física, intelectual e moral. Previa a utilização do método intuitivo, o qual usava diversificados materiais didáticos, laboratórios e museus. Exigia-se uma rígida disciplina dos alunos (assiduidade, asseio, ordem, obediência, etc.). O tempo escolar passou a ser controlado através do calendário. Havia também práticas “ritualizadas” e “simbólicas”, como os exames finais, as exposições escolares, as datas cívicas e as festas de encerramento do ano letivo. A escola graduada foi também responsável por gerar novos “dispositivos de racionalização administrativa e pedagógica”, necessários para o desenvolvimento da sociedade capitalista, principalmente nos processos de urbanização e industrialização. Foi ainda um projeto cultural a favor da nação, o qual educava mais do que instruía.
   ... Ela reportava a uma clara concepção de ensino; educar pressupunha um compromisso com a formação integral da criança que ia muito além da simples transmissão de conhecimentos úteis dados pela instrução e implicava essencialmente a formação do caráter mediante a aprendizagem da disciplina social – obediência, asseio, ordem, pontualidade, amor ao trabalho, honestidade, respeito às autoridades, virtudes morais e valores cívico – pastrióticos necessários à formação do espírito de nacionalidade. ( SOUZA, 2004, p. 127) 

     A ideia de implantação dos grupos escolares difundiu-se para o restante do Brasil, fazendo parte da política de diversos presidentes (ou governadores) de Estados. O modelo escolar paulista foi implantado no Rio de Janeiro em 1897, no Pará em 1899, no Paraná em 1903, em Minas Gerais em 1906, no Rio Grande do Norte  e no Espírito Santo em 1908, no Mato Grosso em 1910, em Santa Catarina  e em Sergipe em 1911, na Paraíba  em 1916, no Piauí em 1920, etc.


Bibliografia:

SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do “longo século XX” brasileiro. In: SAVIANI, Dermeval (et. al.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004

SOUZA, Rosa Fátima de. Lições da escola primária. In: SAVIANI, Dermeval ( et. al.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, 2004

____________________. Templos de civilização. A implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo ( 1890-1910). São Paulo: UNESP, 1998.

VIDAL, Diana Gonçalves (org.). Grupos escolares. Cultura escolar primária e escolarização da infância no Brasil ( 1893-1971). Campinas, SP: Mercado das Letras, 2006

VIDAL, Diana Gonçalves. Culturas escolares. Estudo sobre práticas de leitura e escrita na escola pública primária ( Brasil e França, no final do século XIX). Campinas, SP: Autores Associados, 2005




[1] Verbete elaborado por Ana Cristina Pereira Lage




Escola Moderna nº 1[1] - Estabelecimento de instrução e educação

A Escola Moderna nº 1 foi fundada em 13 de maio de 1912 como concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi instituído em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo apoio de sindicatos e da Confederação Operária Brasileira (COB).  A escola foi instalada inicialmente na Rua Saldanha Marinho, 66, Belenzinho (em 1915 mudou-se para a Rua Celso Garcia, 262, onde funcionou até ser fechada). O diretor escolhido foi João de Camargo Penteado, que se ausentou em 1917 por um curto período, sendo substituído pelo militante anarquista e professor Florentino de Carvalho (pseudônimo de Primitivo Soares). O estabelecimento, desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas. Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos. Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. A Escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que freqüentavam o curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também foi criado, em conjunto com a Escola Moderna nº 2, o jornal denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de atividades sociais, debater a conjuntura nacional e internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). Durante sua existência, a freqüência mensal de alunos oscilou entre 45 a 50 no período diurno e de 12 a 15 no noturno. As atividades escolares foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em uma casa no Brás. Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson, caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da Escola Moderna nº 1 e nº 2. Os recursos impetrados e o habeas corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e de São Caetano foram definitivamente fechadas. Posteriormente, a Escola Moderna cedeu lugar à Academia de Comércio Saldanha Marinho, depois chamada de Colégio Saldanha Marinho, porém o estabelecimento já não conservava a filosofia de educação do racionalismo. Ainda assim, professor João Penteado continuou como diretor até a data de seu falecimento, ocorrido em 31 de dezembro de 1965.

Fonte:
LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP. São Carlos, 1984.
MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na Primeira República: das escolas aos centros de cultura social. Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.


[1] Verbete elaborado por José Damiro de Moraes


Escola Moderna nº 2[1]

A Escola Moderna nº 2 foi fundada em 1912, como concretização dos trabalhos do Comitê pró-Escola Moderna de São Paulo, formado por anarquistas e livres pensadores. O Comitê foi criado em novembro de 1909 a partir das manifestações contra o fuzilamento na Espanha de Francisco Ferrer y Guardia, recebendo apoio de sindicatos e da própria Confederação Operária Brasileira (COB). O professor Adelino Tavares de Pinho foi o primeiro diretor da escola, permanecendo na função até seu fechamento. A escola foi instalada inicialmente na Rua Müller, depois mudou-se para a Rua Oriente, 166 e, finalmente, fixou-se na Rua Maria Joaquina, 13. Desde a fundação, atendia meninos e meninas em classes mistas. Sua proposta curricular foi baseada no racionalismo criado por Francisco Ferrer, abrangendo leitura, caligrafia, gramática, aritmética, geografia, geometria, botânica, geologia, mineralogia, física, química, história, desenho, datilografia, entre outros conteúdos. Também eram realizadas excursões para que os alunos e alunas tivessem contato com a realidade cotidiana. O horário de funcionamento era assim organizado: ensino primário e médio para crianças e jovens (das 11h às 16h) e adultos (das 19h às 21h). A Escola era paga, diferenciando os valores das parcelas para alunos iniciantes e avançados, bem como para os adultos que freqüentavam o curso noturno. Para atingir seus objetivos pedagógicos, também foi criado, em conjunto com a Escola Moderna nº 1, o jornal denominado O Início. Dirigido e redigido pelos alunos, este jornal visava divulgar trabalhos escritos, fornecer informações de atividades sociais, debater a conjuntura nacional e internacional, registrar e rememorar as datas e fatos relevantes do movimento operário. As duas Escolas Modernas de São Paulo editaram o Boletim da Escola Moderna, a exemplo do que ocorria na Escola Moderna de Barcelona (1901-1906). As atividades escolares foram encerradas no ano de 1919, após a morte do diretor da Escola Moderna de São Caetano, vítima de explosão ocorrida em uma casa no Brás. Este fato serviu como justificativa para que o Diretor Geral de Instrução Pública do Estado de São Paulo, Oscar Thompson, caçasse, em caráter definitivo, a licença de funcionamento da Escola Moderna nº 1 e nº 2. Os recursos impetrados e o habeas corpus não surtiram efeito e as Escolas Modernas de São Paulo e de São Caetano foram definitivamente fechadas. Adelino de Pinho seguiu para o interior, Poços de Caldas (MG) e continuou seu trabalho com a educação racionalista por mais alguns anos.

Fonte:
CANDIDO, Antônio. Teresina e seus amigos.  São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LUIZETTO, Flávio V. Presença do anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios literário e educacional – 1900/1920. Tese doutorado USP. São Carlos, 1984.
MORAES, José Damiro de. A trajetória educacional anarquista na Primeira República: das escolas aos centros de cultura social. Dissertação mestrado. Unicamp, SP: 1999.


[1] Verbete elaborado por José Damiro de Moraes
 
 
fonte:  http://www.histedbr.fe.unicamp.br